Por que ler esse livro?
Dos quatro contos traduzidos por T. Belinky, dois, escritos em 1872, fazem parte das obras que Tolstói incluiria em seus “Livros Russos de Leitura”, dirigidos aos leitores populares. Trata-se de “Deus vê a verdade, mas custa a revelar” e “O prisioneiro do Cáucaso”. Marcadas pela simplicidade poética da linguagem, estas obras revelam uma das facetas mais preciosas do talento literário do escritor. A simplicidade severa da forma artística, segundo L.Tolstói, deveria refletir aqui a Verdade, que é, no final das contas, simples e transparece onde existe amor ao próximo. Após uma profunda crise espiritual, tornaram-se comuns as afirmações de que, a partir desse momento, o autor de grandes obras-primas trai o talento literário e se torna um pregador fanático de sua doutrina (o “tolstoísmo”) - um escritor-moralista. Em nenhum momento Tolstói deixou de ser um grande escritor. E talvez a melhor prova disso sejam as novelas “A Morte de Iván Ilitch” (1886) e “Senhor e servo” (1895), com abordagem das principais “questões malditas” e eternas da existência humana, ambas criadas já na época em que Tolstói passou a negar a importância de ser escritor de ficção.